Com licença, por favor, vou pular Viña e Valpa.

Inspirada pelo frio que faz hoje em São Paulo – 10ºC, 20h – resolvi passar Valle Nevado na frente.

No dia anterior, conversando com outras pessoas no passeio do litoral, soube que tinha neve até o joelho em Valle Nevado.

Eu tinha reservado o domingo para ver as coisas que não tinha dado tempo em Santiago, mas não aguentei! Paguei meus 50 dólares e fui subir a Cordilheira.

A van saiu pontualmente e eu me preparei para o frio. Gorro, luvas, boina, botas térmicas, cachecol, óculos de sol, legging por baixo da calça e a maravilha das maravilhas contra o frio: um casaco de fleece que comprei em Santiago. Detalhe é que eu achei que ele era a maior porcaria, pois foi absurdamente barato.

A subida tem toda a explicação do guia, com paradas no meio do caminho para o pessoal se aclimatar. Desta vez não fiquei tonta, não entupiu o ouvido, não funguei. Sucesso!

E lá se vai a turistropical distraidamente olhando pela janela e escutando o que o moço falava. Claro, que me perguntava a cada 100m aonde estava a droga da neve e já me arrependendo de não ter ficado em Santiago.

Na 1ª parada, que é a 1500m, começamos a ver as montanhas nevadas. Oh, que lindo, oh, que coisa, ai, que emoção! E a temperatura caindo…

Lá pelos 2300m, acho que na curva 40 e poucos – sim, elas são numeradas e são 60 fechadíssimas – o guia começou a contar que os postes laranja que víamos na estrada eram usados como sinalização. No caso de nevascas ou neblina, eram a única indicação da pista para os motoristas. E contou também que muitas vezes os guias precisavam descer e ir na frente indicando aonde estava a estrada.

Achei tão emocionante que fiquei idiota. Sim, só pode. Já conto porquê.

Fiquei pensando naquiloe no meu vôo no dia seguinte pela manhã, o que eu faria se a estrada fechasse de novo e que eu não podia perder ele e tal, enfim.

Então o moço-guia contou que a estrada era mantida pelo Valle Nevado Resort Skybusanfa Corporation, não pelo governo e que eles vinham melhorando a qualidade dela com os anos.

Na hora eu olhei pela janela e vi umas pedras no acostamento, pintadas de branco e pensei: ah, que bacana e que trabalheira eles tiveram…pintaram as pedras para sinalizar melhor o caminho. Ahh, olha só, a medida que a gente vai subindo, as pedras que eles colocam são cada vez maiores, deve ser por causa de neblina… mas que bonitinho que fica, não? Será que brilham no escuro, a noite com os faróis?

Aí alguém me tirou do transe quando disse: olha lá, um laguinho-poça congelado.

Caiu minha ficha imediatamente e tive que me segurar para não rir de mim mesma e do mico injustificável se eu tivesse comentado sobre as pedras fosforecentes em voz alta. Logo após tinha um trator ou qualquer coisa parecida com um encostado, provavelmente usado na noite anterior para tirar o gelo da pista.

Não eram pedras, claro, era gelo. Sim, gelo, que era neve que caiu na estrada. Já sentiram vergonha de si mesmos? Pois é…agora isso me rende boas risadas e um post! 😀

PS: não, não fiz sky-busanfa, não comi neve, não joguei em ninguém, não sentei no chão, mas pisei, pisei, pisei, fiz bolinhas. Tudo isso discretamente, tá?

PS²: o povo passou mal pacas na descida, viu? Quem manda beber lá em cima????